segunda-feira, 28 de março de 2011

Educação Especial: Inclusão, Integração e respeito.

Vivemos um momento fundamental, talvez, o mais importante que a Educação Especial vem passando desde o seu surgimento no Brasil e no mundo. Atualmente, há um forte entroncamento entre a Educação Especial contemporânea e a Educação regular. Este processo não surgiu ao acaso, mas é decorrência de uma série de transformações havidas na forma de atendimento das pessoas com deficiência e das crianças comuns.
Vale ressaltar que, na década de 90, no Brasil, o discurso da inclusão escolar assume status privilegiado.Contudo, há diversas controvérsias no plano dos discursos e das práticas. Há autores e profissionais que, defendendo a inclusão escolar como parte de um movimento maior de inclusão social, atuam no meio educacional pela universalização do acesso e pela qualidade de ensino.
 As dificuldades para a mudança em relação ao paradigmas da Inclusão tem se apresentado, atualmente, tanto no campo da Educação regular quanto da Educação Especial, a pessoa que se apresenta direcionada pelo paradigma da Interação costuma, na prática, a não entender e nem aceitar aquele que seguem o paradigma da Inclusão. Os primeiros acreditam que é melhor a criança ficar realmente em ambiente segregado, do que ser colocada em um ambiente menos segregado.
Por outro lado, aquele que seguem, consegue entender melhor a dificuldade de mudança dos opositores do paradigma da inclusão. No entanto, como já vivenciaram as novas formas de inserção dos alunos na escola e na comunidade, sabem que estas trazem, em seu bojo, uma qualidade de vida melhor para todos.
Para que tudo isto se modifique, não basta apenas nós trabalharmos com conteúdos cognitivos no processo de formação dos educadores. Pois, se eles não quiserem mudar, se eles não tiverem o desejo de saber tentar, por mais conteúdos que nós possamos lhes dar, eles permanecerão na mesma posição.
Depende do desejo do professor, assim como do desejo do aluno fazer ou não esta mudança. O poder das politicas públicas encontra o seu limite maior no desejo dos sujeitos. Se eles não quiserem mudar as suas práticas estigmatizadoras, eles não mudarão.

domingo, 13 de março de 2011

As novas tendência


Qualquer prática ou estudo em educação precisa deixar claro, desde o início, as categorias que o orientam. Definir estas categorias remete o autor a classificações, a apegos a determinadas linhas de pensamento. São estas linhas as definidoras dos rumos a seguir, por isto representam racionalidades: a forma como se pensa a educação. Assim, partindo-se do pressuposto que toda a ação educativa implica necessariamente uma intencionalidade, porque é uma ação política, é preciso ter o entendimento destas racionalidades para, a partir daí, movimentar-se. Importante destacar que este processo só acontece no coletivo, referenda-se e consubstancia-se no grupo de professores, momento e espaço propício para a necessária reflexão e para a distinção entre as diferentes possibilidades orientadoras do fazer educativo.
Faz-se necessário, no entanto, ter claro que não existe linha pedagógica totalmente original. Dada a diversidade de pesquisas na área, a história da educação rica em possibilidades teóricas e em relato de práticas educativas múltiplas e sabendo-se que as práticas hoje são a síntese de muitas outras práticas dialeticamente constituídas, não há como se pensar que, em uma sociedade globalizada também do ponto de vista do conhecimento, haja originalidade absoluta. Original é a re-leitura feita desta história e a forma como se pode adequá-la a nossa realidade compondo, então, uma prática da comunidade escolar.
Entende-se por tendência toda e qualquer orientação de cunho filosófico e pedagógico que determina padrões e ações educativas, ainda que esteja desprovida de uma reflexão e de uma intencionalidade mais concreta. Uma tendência pedagógica é, na verdade, uma inclinação por pensamentos e comportamentos pedagógicos lidos na história da educação ou mesmo em outras práticas pedagógicas hodiernas. Muitas vezes, em uma escola, em uma comunidade, percebem-se práticas educativas cuja orientação embora existente não é fruto de uma reflexão mais apurada, consensada. Assim, vão-se reproduzindo e tornam-se explicações do processo educativo, enraizando-se na dinâmica escolar. Por seu caráter provisório, já que demandam uma maior reflexão, estas orientações são consideradas tendências. Se fruto de análise, de pesquisas, de estudo passam desta configuração ao status de uma teoria, de uma proposta educativa.
Os paradigmas, por sua vez, apresentam-se mais definidos enquanto orientadores de práticas educativas porque se apresentam como idéias e pressuposições muito bem delineadas, estudadas e teorizadas. Constituem-se em estruturas mais gerais e determinantes não só da forma de conceber a educação, mas da forma de agir educacionalmente. Acabam por condicionar e determinar todo o pensamento, as ações, as propostas de um determinado momento histórico. Mario Osorio Marques tem
apresentado em sua obra uma possibilidade de compreensão de paradigmas que explica a diferenciação que ora fazemos:

Os paradigmas básicos do saber, que se sucederam interpenetrados e que continuam em nossa cultura e em nossas cabeças, necessitam recompor-se em um quadro teórico mais vasto e coerente. Sem percebê-los dialeticamente atuantes, não poderemos reconstruir a educação de nossa responsabilidade solidária. (Marques, 1993, p. 104)

Este autor, no conjunto de sua obra mais recente, refere-se à idéia de paradigma considerando a obra de Habermas (especialmente as proposição deste autor de uma racionalidade capaz de contrapor à racionalidade instrumental característica do Positivismo, uma racionalidade cuja essência é a linguagem) e ratifica a idéia que os paradigmas são um conjunto de concepções presentes em uma determinada época, configurando o modo de pensar dos seres humanos e a forma como estes conhecem o mundo, em permanente construção histórica.
Paradigmas são, portanto, um conjunto de conceitos interrelacionados de tal forma a ponto de proporcionar referenciais que permitem observar, compreender determinado problema em suas características básicas: o quê, como, o que se pretende observar e orientar possíveis soluções. É um conjunto conceitual que garante a coerência interna de qualquer proposta na área da educação e articulação entre o que se faz e o que se pensa, permitindo ao professor agir intencionalmente. Ao educador cabe fazer distinção entre paradigmas para que se perceba as alternâncias no pensamento educacional ao longo da história e, da mesma forma, se perceba quais idéias são relevantes, quais são desconsideradas e em que época o são e por quê. É sob esta perspectiva, o movimento em educação: de posse do conhecimento de determinados paradigmas, que se busca encaminhar os processos educativos, mas , para tanto, faz-se necessário reflexão, entender quais paradigmas são os orientadores e por que o são. Desta forma, uma análise da vida escolar ao nosso redor, sob o ponto de vista das orientações que determinam a prática educativa nos remete a identificarmos tendências ou paradigmas consciente ou inconscientemente determinantes na linguagem, nas ações, nos instituídos garantindo esta ou aquela configuração escolar. Entender esta configuração é deslindar estes pressupostos, compreendendo-os em seu momento e nas determinações históricas que os configuraram.
Para tanto, é necessário que o professor defina suas ferramentas teóricas, estabeleça pontos de referências com os quais poderá exercer sua dimensão hermenêutica: atribuir sentidos, produzir interpretações do que vive nas ações pedagógicas desenvolvidas, inserindo-as em uma vertente teórica e tendo condições de propor a continuidade de uma reflexão-ação sobre seu projeto educativo. Vale dizer: ao educador cabe analisar informações e teorias, construir um todo de conhecimentos sólidos para fundamentar suas práticas pedagógicas. Na verdade, ao educar, o educador já está produzindo uma prática geradora de uma teoria pedagógica, posto que esta constitui aquela, de forma a não se saber onde começa uma e onde acaba a outra. Pensando assim que se propõe, a seguir, uma leitura de algumas tendências e paradigmas orientadores das práticas educativas, tais como são lidas na realidade.

FERREIRA, Liliana S. Educação & História. Ijuí, Editora Unijui, 2001.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

segunda-feira, 7 de março de 2011

Artigo: Redes Sociais como Ferramenta de Ensino

 

                      ARTIGO: REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTA DE ENSINO
*Humberto Zanetti
No ano de 2006 um consultor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Seely Brown, comentou em entrevista sobre a falta de investimento das escolas e universidades de todo o mundo na elaboração de projetos educacionais que utilizem recursos de web 2.0.

Brown enfatiza que tais projetos poderiam introduzir nos alunos a cultura de divulgar e debater ideias, como no uso de redes sociais, wikis, blogs, entre outros.

Esse princípio é sempre enfatizado por pesquisadores na área da Educação: dar a possibilidade de o aluno se tornar mais do que um ser passivo na etapa de aprendizagem. O aluno pode se tornar um agente pensante que veja nessas ferramentas a oportunidade ideal, estimulado pela possibilidade de formar e trocar conhecimentos. Ou mais, participar do ambiente como co-autor.

O princípio de co-autoria é defendido, já há alguns anos, por grandes nomes na área de Educação, como Paulo Freire, que defende o espaço de aprendizagem como um ambiente de interação, onde os papéis de emissor e receptor não são evidentes, sem fronteiras tão marcantes, trazendo o aluno como um elemento colaborador para construção do conhecimento.

Podemos entender essa interação como uma relação entre professor e aluno na formação do ambiente educacional, no diálogo proposto e na criação do material a ser discutido.

Com o uso de um ambiente colaborativo, como redes sociais, o professor por sua vez terá a oportunidade de verificar aspectos muitas vezes difíceis de serem identificados em uma sala de aula, como a capacidade de elaborar textos, pesquisar sobre um assunto, dar uma opinião e debater a de outros.

Essa rede de comunicação também pode agregar valores à instituição de ensino. Um wiki bem desenvolvido, por exemplo, pode ser usado como ferramenta de pesquisa para alunos futuros, formando uma enciclopédia particular. Uma rede social bem focada e administrada poderia prover um elo entre o aluno e a escola quando o mesmo não estiver nela.

A princípio essa metodologia deve ser inserida gradativamente, com uma mescla de atividades em sala e em ambiente virtual. Seria válido o professor trabalhar em aula o conceito, as ferramentas e os objetivos e trazer aos poucos, posteriormente, em cada aula, o estímulo ao uso da tecnologia. Após esta etapa, o professor pode explorar o uso da comunidade virtual como uma extensão do trabalho em sala, deixando o espaço livre para colaboração.

Claro que há barreiras nesse processo: primeiro, nós educadores, que devemos nos atualizar e usar essas ferramentas, atividade que necessita de tempo e trabalho extras, para adequar-se a essa nova metodologia e agregar melhorias ao processo educativo. O outro problema seria levar nossos alunos a esse ambiente, com o qual a maioria já está familiarizada em termos de dinâmica e tecnologia, mas não entende como tirar proveito a favor do ensino e aprendizagem, como atuar de maneira correta como colaborador.

Cabe a nós professores, a tarefa de abrir os olhos deles para essa nova oportunidade. Atualmente temos ferramentas gratuitas para esse fim, a nossa única preocupação seria mudar o processo de aprendizagem para que não seja mais somente transmitir o conhecimento, mas sim ensinar nossos alunos como usá-lo, como modificá-lo e até mesmo (por que não?) discordar dele.

*Humberto Zanetti é professor pela Anhanguera Educacional S.A., freelancer e pesquisador em arquitetura da informação, user interface e design de interação.