segunda-feira, 20 de abril de 2015

Educação popular

A educação popular é uma educação comprometida e participativa, orientada pela perspectiva de realização de todos os direitos do povo.
O paradigma da educação popular, inspirado  no trabalho de Paulo Freire nos anos 60, encontrava na conscientização sua categoria fundamental. A prática e a reflexão sobre a prática, levou a incorporar outra categoria não menos importante: a da organização. Afinal, não basta estar consciente, é preciso organizar-se para poder transformar. Nos últimos anos, os educadores que permaneceram fiéis aos princípios da educação popular atuaram principalmente em duas direções:  na educação pública popular, no espaço conquistado no interior do Estado e na educação popular comunitária e na educação ambiental ou sustentável, predominantemente não governamentais.
Durante os regimes autoritários da América Latina a educação popular manteve sua unidade, combatendo as ditaduras e apresentando projetos “alternativos”. Com as conquistas democráticas,  ocorreu com a educação popular uma grande fragmentação em dois sentidos: de um lado ela ganhou  uma nova vitalidade no interior do Estado, diluindo-se em suas políticas públicas e, de outro lado,  continuou como educação não-formal, dispersando-se em milhares de pequenas experiências.  Perdeu em unidade, ganhou em diversidade e conseguiu atravessar numerosas fronteiras.
Hoje ela se incorporou ao pensamento pedagógico universal e orienta a atuação de muitos educadores espalhados pelo mundo, como o testemunha o Fórum Paulo Freire e o Fórum Mundial de Educação que reúnem, periodicamente, milhares de educadores de muitos países.
As práticas de educação popular também constituem-se em mecanismos de democratização, onde se refletem os valores de solidariedade e de reciprocidade e novas formas alternativas de produção e de consumo, sobretudo as práticas de educação popular comunitária, muitas delas voluntárias. O terceiro setor está crescendo não apenas como alternativa entre o Estado burocrático e o Mercado insolidário, mas como espaço de novas vivências sociais e políticas hoje consolidadas com as organizações não governamentais (ONGs) e as organizações de base comunitária (OBCs). Este está sendo atualmente o campo mais fértil da educação popular.
Diante desse quadro, a educação popular, como modelo teórico reconceituado, tem oferecido  grandes alternativas. Dentre elas está a reforma dos sistemas de escolarização pública. A vinculação  da educação popular com o poder local e a economia popular abre, também, novas e inéditas  possibilidades para a prática da educação. O modelo teórico da educação popular, elaborado na  reflexão sobre a prática da educação durante várias décadas, tornou-se, sem dúvida, uma das grandes contribuições da América Latina à teoria e à prática educativas em nível internacional. A  noção de aprender a partir do conhecimento do sujeito, a noção de ensinar a partir de palavras e  temas geradores, a educação como ato de conhecimento e de transformação social, a politicidade da  educação são apenas alguns dos legados da educação popular à pedagogia crítica universal.